das circunstâncias mais doídas não sejam capazes
de encobrir por muito tempo os nosso olhos de sol.
Que toda vez que o nosso coração se resfriar á cabeça
e a respiração se fizer áspera demais,
a gente possa descobrir maneiras de cuidar
dele com carinho todo que ele merece.
Que lá no fundo mais fundo do mais fundo
abismo nos reste sempre uma brecha qualquer,
íntima, tímida, para ver também um bocadinho do céu.
Tomara que nossos enganos mais devastadores
não nos roubem o entusiamos de semear de novo.
Que a lembrança dos pés feridos quando, valentes,
descalçamos os sentimentos, não nos tire
a coragem de sentir confiança.
Que sempre que doer muito,
os cansaços da gente encontrem um lugar
de paz para descansar na varanda mais calma da nossa mente.
Que o medo exista, porque ele existe,
mas que não tenha tamanho para ceifar o nosso amor.
Tomara que a gente não desista de ser quem
é por nada nem ninguém deste mundo.
Que a gente reconheça o poder do outro sem esquecer do nosso.
Que as mentiras alheias não confundam
as nossas verdades, mesmo que as mentiras e as verdades
sejam impermanentes.
Que friagem nenhuma seja capaz de encabular
o nosso calor mais bonito.
Que, mesmo quando estivermos doendo,
não percamos de vista nem o sonho, a ideia da alegria.
Tomara que apesar dos apesares todos,
dos pesares todos, a gente continue valentia suficiente
para não abrir mão de ser feliz. Tomara".
_______Ana Jácomo
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